Yraciara Alves

Drex: A moeda digital brasileira é o caminho para o monitoramento total das finanças?

O Banco Central do Brasil deu início à implantação do Drex, a nova moeda digital que promete revolucionar o sistema financeiro nacional. Com a justificativa de simplificar transações, reduzir custos e aumentar a inclusão financeira, essa inovação levanta intensos debates sobre privacidade, monitoramento estatal e o impacto na vida dos brasileiros, especialmente os trabalhadores.

Drex: A moeda digital brasileira é o caminho para o monitoramento total das finanças?
Publicado em 12/01/2025 às 10:23

Yraciara Alves

Essa mudança vem acompanhada de outras medidas de controle, como a recente fiscalização obrigatória de transações bancárias acima de R$ 5 mil realizadas via Pix e gastos no cartão de crédito. A ideia, segundo o governo, é combater crimes como lavagem de dinheiro e sonegação fiscal. No entanto, para muitos, trata-se de um passo em direção à centralização excessiva e ao monitoramento total da vida financeira da população.

O impacto sobre a classe trabalhadora

A fiscalização de valores a partir de R$ 5 mil pode parecer, à primeira vista, voltada apenas para grandes transações, mas o impacto sobre a classe trabalhadora é significativo. Pequenos empreendedores, autônomos e profissionais liberais – que frequentemente movimentam valores próximos a essa faixa – agora se veem sob maior vigilância do Estado, o que pode gerar desconforto e dificuldades.

Além disso, com o fim gradativo do papel moeda, https://rondoniadagente.com.br/o-avanco-do-controle-estatal-sobre-as-financas-pessoais-pix-taxado-e-o-fim-do-papel-moeda/ as transações digitais passam a ser a única opção. Isso afeta diretamente trabalhadores informais, que tradicionalmente dependem de dinheiro físico para negociar sem entraves burocráticos. O fim do papel moeda também elimina a única forma de transação verdadeiramente anônima, ampliando o controle do governo sobre o cotidiano financeiro do cidadão.

Para muitos, isso significa a perda de uma das últimas ferramentas de liberdade econômica. A impossibilidade de usar dinheiro físico deixa a população vulnerável às mudanças impostas pelo governo ou pelas instituições financeiras, como taxas, restrições e monitoramento constante.

A armadilha da tributação: Como o sistema pune os trabalhadores mais pobres

O trabalhador que recebe via Pix e ultrapassa R$ 5.000 por mês, mas não está formalizado como MEI, enfrenta um verdadeiro golpe do sistema tributário brasileiro. A cobrança do Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF) não leva em consideração os altos custos que muitos trabalhadores autônomos enfrentam, como matéria-prima e despesas operacionais. Assim, o imposto incide sobre o faturamento bruto, não sobre o lucro real, e é exatamente aí que o sistema mostra sua face injusta e predatória.

Por exemplo, um trabalhador que fatura R$ 6.000 por mês, mas gasta R$ 4.000 com insumos, fica com um lucro de apenas R$ 2.000. No entanto, o cálculo do imposto não considera essas despesas. Ele será taxado como se tivesse uma renda confortável, enquanto na realidade luta para fechar as contas no final do mês. Resultado? Uma parcela significativa do já reduzido lucro é devorada pelo governo.

Esse sistema não apenas pune os trabalhadores autônomos, mas também cria uma armadilha para os mais pobres. Muitos não conseguem arcar com a burocracia e os custos de formalização, ficando à mercê de taxas altíssimas que deveriam ser direcionadas para os verdadeiros privilegiados do sistema financeiro. Além disso, a fiscalização rigorosa das transações via Pix acima de R$ 5.000 coloca o trabalhador comum sob o mesmo escrutínio que grandes sonegadores, criando um ambiente de desconfiança e opressão.

E o futuro pode ser ainda mais sombrio. Com o Drex e o fim do papel moeda, os pobres perderão o único meio que ainda lhes garante alguma liberdade financeira. Toda transação será monitorada, e o Estado terá o poder de bloquear ou limitar o acesso ao dinheiro. Para os mais pobres, que dependem de cada centavo para sobreviver, essa vigilância não significa segurança, mas controle.

A verdade é que esse sistema foi desenhado para beneficiar os grandes e esmagar os pequenos. A classe trabalhadora, que já carrega o peso da desigualdade nas costas, é a mais prejudicada. Em vez de promover justiça social, o governo usa a tributação e o monitoramento financeiro como ferramentas de repressão, enquanto os ricos encontram formas de escapar.

Os pobres não precisam de mais impostos ou de mais controle sobre sua vida financeira. Eles precisam de liberdade para trabalhar, negociar e viver sem a constante interferência de um sistema que parece existir apenas para enriquecimento das elites. É hora de questionar e resistir a esse modelo que condena os mais vulneráveis a uma vida de opressão econômica.

O Drex e o crédito social chinês

O Drex segue o modelo das moedas digitais centralizadas, com o diferencial de ser controlado diretamente pelo Banco Central. Cada transação será registrada e monitorada, sob a justificativa de segurança e combate à criminalidade. Mas, à medida que o Estado aumenta seu controle, surgem comparações inevitáveis com o sistema de crédito social já implantado na China.

Na China, o governo atribui pontuações aos cidadãos com base em comportamentos considerados adequados. Aqueles que acumulam “pontos negativos” podem ser proibidos de acessar crédito, comprar passagens ou até mesmo usar determinados serviços. Um sistema financeiro centralizado como o Drex, aliado ao monitoramento de transações acima de R$ 5 mil, pode criar condições semelhantes no Brasil.

O paralelo bíblico: a marca da besta

Olhando para a Bíblia, em Apocalipse 13:16-17, há a famosa profecia sobre o controle total da economia: “ninguém poderá comprar ou vender, a não ser aquele que tiver a marca, o nome da besta ou o número do seu nome.” Para muitos religiosos, essa passagem é uma advertência sobre sistemas de controle financeiro que limitam a liberdade de compra e venda àqueles que aceitam a submissão a um governo ou autoridade.

A implantação do Drex, o monitoramento do Pix e o fim do papel moeda são vistos por alguns como o cumprimento desse alerta bíblico. Sob o pretexto de modernização, o Estado pode determinar quem pode acessar o mercado financeiro, introduzindo critérios que, na prática, se assemelham à ideia de uma “marca”.

Liberdade ou segurança?

Embora a digitalização do dinheiro traga benefícios, como maior praticidade e transparência, o custo disso é a perda da autonomia financeira e da privacidade. Para a classe trabalhadora, essa centralização pode significar não apenas mais dificuldades para realizar suas transações, mas também o risco de exclusão financeira caso não se adequem às regras impostas.

O Drex não é apenas uma moeda digital, mas uma transformação na relação entre Estado e cidadão. A combinação de monitoramento do Pix, a eliminação do papel moeda e o controle centralizado levantam sérias questões. Será que estamos caminhando para um futuro de inclusão financeira, ou para uma era de vigilância econômica onde a liberdade do cidadão está sob ameaça?