Após crítica de Lula, Pimenta diz seguir despachando com presidente: ‘Não há sinalização de alteração no ritmo de trabalho’

Em evento do PT na sexta-feira, Lula afirmou que era "obrigado a fazer correções necessárias" em área comandada pelo ministro

Após crítica de Lula, Pimenta diz seguir despachando com presidente: ‘Não há sinalização de alteração no ritmo de trabalho’
Publicado em 09/12/2024 às 18:51

Após duras críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à comunicação do governo na sexta-feira passada, o ministro da Secretaria de Comunicação Social (Secom), Paulo Pimenta, disse que o presidente não sinalizou a ele alterações “no ritmo de trabalho” da pasta. Os dois se reuniram nesta segunda-feira no Palácio do Planalto.

“Sou uma pessoa da relação pessoal, de confiança do presidente Lula. Ele sabe que pode contar, tenho uma relação de lealdade do nosso projeto com ele e não há da parte dele nenhuma sinalização para que haja algum tipo de alteração no ritmo do trabalho que está sendo feito na Secom, inclusive despachamos hoje e vamos despachar amanhã. Tem assuntos do dia a dia do governo que estamos tratando, planejando as campanhas de final de ano e assim por diante”

A saída de Pimenta do comando da Secom, no entanto, não é descartada pelo entorno de Lula. Auxiliares afirmam que o próprio presidente ainda tem dúvidas de como executar as mudanças e quais espaços acomodar cada aliado:

“Eventuais ajustes, sempre que o presidente achar necessário, ele vai fazer. O grau desses ajustes e dessas correções, e necessidade de alteração de pessoas ou não, isso é uma questão muito dele. Importante é que temos liberdade e confiança para poder conversar, fazer as cobranças, exigir mais resultado e mais entregas” disse o ministro.

“Há um erro no governo na questão da comunicação, e eu sou obrigado a fazer as correções necessárias para que a gente não reclame de que a gente não está se comunicando bem” afirmou Lula.

Antes dessa declaração pública, Lula já havia afirmado a aliados a intenção de trocar o comando da Secom e que o publicitário Sindônio Palmeira, marqueteiro da campanha em 2022, é a primeira opção do presidente para a substituição do cargo. No Planalto, no entanto, a aposta é de que não haja mudanças em dezembro.

Durante seminário do PT, Lula ainda criticou as dificuldades do governo e do PT em criarem uma narrativa hegemônica nas redes sociais:

“O PT tem culpa, o meu governo tem culpa, a gente não pode permitir em nenhum momento que alguém que pensa como pensa a extrema-direita no nosso país, tenha mais espaço nas redes sociais do que nós. Tenha mais informação na internet do que nós. E consiga projetar suas maldades menos do que a gente consegue projetar as bondades que nós fazemos” afirmou Lula na sexta.

Pimenta admitiu que o presidente tem razão e disse que o governo não consegue construir uma narrativa e nem mesmo dar visibilidade suficiente às entregas de cada ministério.

“Tenho concordância com a fala do presidente Lula e as preocupações da esquerda e do PT e do próprio governo em construir uma narrativa que consiga fazer frente à escalada das fake news da extrema-direita. Isso é um fato real. É um desafio para esquerda no Brasil e no mundo. Hoje há uma disputa feroz de utilização das plataformas e redes para construção de narrativa, entendo preocupação do presidente e é adequada para quem está na posição que ele está. A crítica que ele faz, vai além, e aponta insuficiência na capacidade do governo de poder transmitir para população conhecer melhor nossas iniciativas positivas”.

O ministro ponderou, no entanto, que tem uma relação aberta com Lula para cobrança de melhores resultados:

“O presidente tem uma relação comigo muito transparente, ele sabe que sou uma pessoa que pode confiar, contar e não tem melindres de falar o que pensa”.