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Michelle Bolsonaro representará Jair Bolsonaro na posse de Trump após decisão de Moraes bloquear a viagem

A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro foi confirmada como representante de Jair Bolsonaro na posse do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, que ocorrerá no próximo dia 20 de janeiro, em Washington.

Michelle Bolsonaro representará Jair Bolsonaro na posse de Trump após decisão de Moraes bloquear a viagem
Publicado em 16/01/2025 às 18:12



A decisão foi tomada após o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), negar a devolução do passaporte do ex-presidente, impedindo-o de participar do evento.

Moraes justificou sua decisão afirmando que o pedido de Bolsonaro possuía caráter exclusivamente pessoal e não havia comprovação formal de convite diplomático. Além disso, ele apontou que as acusações graves contra Bolsonaro e o risco de fuga justificam a retenção do documento, medida cautelar tomada no âmbito das investigações sobre supostas tentativas de golpe de Estado após as eleições de 2022.

A decisão gerou reações diversas. Apoiadores de Bolsonaro e setores alinhados à direita classificaram a medida como excessiva e uma evidência de perseguição política, já que a presença de Bolsonaro seria significativa para reforçar laços entre Brasil e Estados Unidos.
Michelle Bolsonaro, que já mantém uma relação próxima com a família Trump, terá a responsabilidade de representar não apenas seu marido, mas também o Brasil em um evento de grande relevância diplomática.
Jair Bolsonaro, por sua vez, afirmou que “Michelle terá um tratamento bastante especial” nos Estados Unidos, graças à amizade construída entre ele e Donald Trump durante seus respectivos mandatos.

A ausência de Jair Bolsonaro no evento, no entanto, levanta dúvidas sobre possíveis impactos nas relações entre Brasil e EUA. Embora a presença de Michelle seja significativa, a ida de um ex-chefe de Estado poderia simbolizar um alinhamento maior entre as lideranças conservadoras de ambos os países.
Bolsonaro já afirmou que seus advogados avaliam recursos para tentar reverter a decisão, mas, até o momento, não há indicação de que o STF vá flexibilizar as condições de sua retenção. Enquanto isso, Michelle se prepara para representar o nome Bolsonaro em um dos momentos mais aguardados da política internacional de 2025.

Debate sobre o julgamento de Bolsonaro no STF

Desde que deixou a Presidência da República, Jair Bolsonaro perdeu o foro privilegiado, onde pelas leis, qualquer investigação e julgamentos teriam que passar pelas instâncias inferiores do Judiciário, conforme estabelece a Constituição Federal. Contudo, o fato de estar sendo investigado e julgado diretamente no Supremo Tribunal Federal (STF) levanta questionamentos entre juristas. Para muitos, a tramitação de processos no STF, sem o devido percurso pelas instâncias inferiores, representa uma possível afronta aos princípios do devido processo legal e da igualdade de tratamento judicial.

O principal argumento é que, assim como ocorreu no caso do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Bolsonaro deveria ter seus casos iniciados em primeira instância, percorrendo as etapas normais do Judiciário antes de chegar à Suprema Corte. No caso de Lula, as investigações e condenações começaram na Operação Lava Jato, sob a condução de juízes de primeira instância, como Sérgio Moro, antes de serem analisadas por tribunais superiores. Apenas anos depois, o STF foi acionado para revisar o processo, anulando as condenações com base em vícios processuais e questões relacionadas à competência territorial.

Por outro lado, os defensores do julgamento de Bolsonaro no STF argumentam que a tramitação direta na Corte é justificada pela conexão das investigações com seu período como presidente e pela natureza das acusações, que incluem supostos crimes contra a democracia, como incitação a atos antidemocráticos. 

A crítica central, entretanto, é que o tratamento desigual entre líderes políticos pode criar precedentes perigosos e reforçar a percepção de judicialização da política. Especialistas apontam que, para preservar a legitimidade do Judiciário, é fundamental que as regras processuais sejam aplicadas de forma uniforme, independentemente da figura em julgamento.

A condução dos processos contra Bolsonaro continuará sendo alvo de intenso debate jurídico e político no Brasil. Enquanto alguns defendem a necessidade de julgá-lo com celeridade para proteger a “democracia”, outros alertam para os riscos de atropelar o devido processo legal e criar um precedente que poderia ser usado contra qualquer cidadão ou político no futuro.
A comparação com o caso de Lula reforça a importância de garantir que todos, independentemente de alinhamento ideológico, tenham assegurados os mesmos direitos dentro do sistema judicial brasileiro.